Campus Party: quem serão os nossos Beackmans? - 31/01/2017


Campus Party: quem serão os nossos Beackmans?


           Na última terça feira teve início a edição paulistana do maior evento de tecnologia da informação da América Latina, a Campus Party, que envolve desde professores pardais até grandes executivos de empresas do ramo, como a Microsoft e a IBM. É certamente a melhor oportunidade de conhecer o que de mais inovador acontece na cena digital, nos laboratórios universitários e no mercado, com debates que vão desde as atribulações pessoais na vida de hackers até discussões sobre cidades inteligentes.
            O perfil dos palestrantes é o mais eclético possível, e já passaram pelo evento desde Miguel Nicolelis (neurocientista brasileiro, 2015) e Steve Wozniak (cofundador da Apple, 2011) - figuras com sólidas contribuições em inovações tecnológicas – até figuras de enorme apelo midiático como Paul Zaloom (o Beackman, 2015), Buzz Aldrin (segundo astronalta a pisar na lua, 2013) e  Bruce Dickinson (vocalista do Iron Maiden) já estrelaram como palestrantes.
                A inclusão de celebridades não diretamente ligadas ao mundo da inovação ou, ao menos, que não têm sua atividade principal vinculada ao desenvolvimento tecnológico pode ser considerada uma das marcas deste evento. Tais presenças estimulam os integrantes do mundo high-tech a relacionarem seu ambiente de criação com o que acontece no cotidiano das pessoas comuns, nas mais variadas questões do esporte, culinária, música, política, cidadania, etc. Neste ano, por exemplo, haverá apresentação do humorista e articulista Gregório Duvivier (Porta dos Fundos) e Eduardo Kobra (grafiteiro).
                Promover uma variedade de visões de mundo só enriquece o impacto geral provocado pela Campus Party nos participantes, e sinaliza para um caminho de popularizar Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Recorrer à ícones midiáticos ou figuras populares, ouvindo o que eles tem a dizer sobre inovação, certamente nos fará entender melhor o que a sociedade espera dos inventores, e quais tecnologias podem ser motivadoras e instigantes no “chão de fábrica”, de onde historicamente sempre sai alguém que inventa algo revolucionário. Deste modo, trai-se um enorme montante de pessoas, aí aparecem os “professores pardais” até então adormecidos, e muito mais gente se sentirá parte deste Sistema Local de Inovação. Nada acontece sem legitimidade coletiva, e temos alguns caminhos para conquistá-la.

* Publicado originalmente no site do jornal O Município em 31/01/2017