Polo de Tecnologia em São João: do sonho aos fatos - 04/07/2016
Polo de Tecnologia em São João:
do sonho aos fatos*
O
sonho de formarmos em São João um ambiente industrial de alta tecnologia,
totalmente conectado à pesquisa científica local e com produtos de alto valor
agregado faz brilhar os olhos. Transformar esta utopia em um desenvolvimento
socialmente sustentável, capaz de contemplar todas as classes sociais, isto sim,
é um desafio para gente grande. Para tentar compreender como a inovação atinge
a mão de obra menos qualificada é interessante recorrer à quem vem monitorando
o mercado de trabalho sanjoanense a mais de 10 anos: o Banco de Talentos. Ele
foi criado pelas mãos de Amélia Queiroz e estava sob responsabilidade da
Agência de Desenvolvimento Econômico de São João da Boa Vista entre 2005 e 2013,
em parceria com a administração municipal.Por isso a atual Assessora de
Planejamento da Prefeitura chamou Christyanne Brando, atual responsável pelo
mapeamento das cadeias produtivas locais na Agência, para conversarmos os três.
Desde
o início, quando a Amélia cadastrou 9000 pessoas sem emprego já no primeiro
ano, buscou-se a qualificação profissional via Senai, e a iniciativa ganhou
impulso significativo com o Pronatec. Mesmo conseguindo mais de 24.000 vagas
para formação de profissionais para comércio e indústria, acompanhando a onda
de forte crescimento econômico nacional durante o período em que o Banco esteve
sob gestão da Agência, foi marcante a demanda de trabalhadores com baixa
escolaridade, o que impediu uma aposta em cursos de alta tecnologia e esforços
em trazer indústrias de inovação.
Este
quadro pouco promissor para a formação de um ambiente de inovação mudou nos
últimos 5 anos, e os cursos técnicos do Senac e Instituto Federal ganharam
importância. Eles são responsáveis por ampliar os horizontes dos alunos, tal
que o desafio agora consiste em leva-los à um empreendedorismo tecnológico: não
mais mão de obra para ser contratada, mas principalmente, empreendedores
prestadores de serviço qualificado.
Em
um panorama de recuperação econômica, elas sugerem primeiro um alinhamento
entre Sebrae, Unifeob e Unifae, o que viabilizaria o empreendedor tecnológico
necessário para que o Polo de tecnologia seja possível.
Nos
últimos 5 anos tem surgido uma demanda mais exigente, principalmente
direcionada para cursos técnicos de mais de 800 horas, tornando-se fundamental
o papel do Senac e do Instituto Federal. Neste último, onde temos professores
mestres e doutores no ensino médio técnico, respira-se inovação, abrindo o
leque de perspectivas de seus alunos, forma-se sim uma população que exige o
passo à diante rumo ao Polo de Tecnologia. O segundo passo, depois de social e
organizacionalmente estruturados (Sebrae, alunos e instituições de ensino
superior locais), é criar mecanismos de cooperação com Unesp e IFSP, criando
uma sintonia entre potencialidades locais e a expertise dos professores destas
instituições de excelência em pesquisa.
É
um caminho promissor e um primeiro passo. Leva em consideração a realidade não
apenas dos que já estão agraciados no universo da pesquisa, mas pensa em todos
os setores da sociedade. Ao contrário de rejeitar um universo inovador puro, de
ponta e nível internacional, podemos ter uma estratégia que busque incluir a
todos nesse processo. Não basta ter um Polo de Tecnologia, é preciso que ele
alavanque toda a sociedade.
Artigo apresentado no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=UrVV5o4CMF8
* Publicado originalmente no site do jornal O Município em 04/07/2016